Meu Irmão E Eu. Paulo Nunes

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Meu Irmão E Eu - Paulo Nunes

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E meus olhos e mãos percorriam suas coxas, quando um gemido anunciou seu orgasmo. Juan estava esporrando. E, ainda gemendo, inundou minha boca com um jorro quente e cremoso.

      — Isso, garoto. Bebe tudinho — repetia ele, várias vezes, em voz baixa, com cara de satisfação.

      Engoli. Ele, logo, saiu da minha boca e circundou o sofá. Acompanhava seu movimento com a cabeça, quando meus olhos encontraram o corpo de Pablo, que caminhava para a minha frente. Ele tinha a cueca suja presa na metade das coxas, enquanto andava faceiramente com aquele sorriso travesso no rosto. Parou, diante de mim, no mesmo lugar onde Juan estava. Agachou-se e levou seus lábios aos meus, beijando-me com força. Roçou a barba no meu pescoço grosseiramente e sussurrou em meu ouvido:

      — Vou gozar na sua cara.

      Juan estava atrás de mim, com sua língua em meu ânus e uma mão me masturbando, quando Pablo tirou sua cueca suja e me mandou abrir a boca. Ele dobrou a cueca e, violentamente, enfiou-a em minha boca. Estava eu ali, com aquele tecido barato e sujo na boca, quando o vi me dar um tapa no rosto. Meus olhos arregalaram. Gostei. Faz de novo. Pensei. E ele fez, do outro lado, com mais força. E, logo, começou a dar-me pancadinhas nos lábios com o membro dele e a dizer que esporraria em mim. Salivou a mão e pôs-se a se masturbar. Não demorou. O primeiro jato atingiu meus olhos e escorreu pela bochecha. Ele esporrava e gemia, chamando-me de vadia. Molhou meu rosto inteiro. Não me contive. Sob o movimento rápido da mão de Juan, esporrei no sofá, gemendo pelas narinas, gozando de novo. Que gozada, meu Deus! Pensei. Pablo me empurrou no sofá. Caí deitado, com o rosto para cima.

      — Levante as pernas! — ordenou.

      Obedeci-o. Nisso, ouvi o barulho do fechar de uma gaveta, quando virei minha cabeça. Era um vibrador, e estava na mão de Juan. É muito grande, meu Deus! Pablo mandou que ele enfiasse tudo com força em mim. Juan obedeceu. Eu gritei e, logo, ganhei mais uns tapas na cara.

      — Calma, garoto. Relaxe. Relaxe — dizia Pablo, enquanto me estapeava.

      Estava eu ali, deitado, com o vibrador em mim e uma cueca suja dentro da boca, quando os irmãos mexicanos se masturbaram e esporraram em minha cara ao mesmo tempo. Fiquei encharcado e não consegui abrir os olhos. Nesse momento, ouvi Juan dizer:

      — Eu faço na cara. E você no cu.

      O que eles vão fazer? Limpei meus olhos e vi Pablo se agachar entre as minhas pernas e puxar o vibrador com força. Doeu. Ele enfiou seu membro dentro de mim e ficou parado. Juan já estava em pé, segurando seu membro e apontando para meu rosto. Foi quando senti uma quentura. Oh, meu Deus! Ele está mijando dentro de mim. Não demorou muito para Juan me molhar a cara com seu líquido.

      — Toma, vadia! — diziam eles, com rosto de satisfação, enquanto me molhavam de urina, dentro e fora de mim.

      O som das buzinas dos carros invadiu meus ouvidos. O que é isso? Que confusão é essa? Estava zonzo, e levei minhas mãos ao cabelo, enquanto abria os olhos. Senti um cheiro forte. Era mofo. Onde estou? Vi as costas do sofá e a janela aberta. Corri meus olhos pelas paredes e não vi ninguém. Foi então que percebi que estava sem roupa e que tinha dormido nos colchões manchados da sala do apartamento no Brooklyn. Meu Deus, eu dormi aqui? Onde está Pablo? Que cheiro horrível é esse? Parece cheiro de cão. Pensei. Levantei-me e fui ao banheiro. Ao ver as paredes manchadas de sujeira e sentir o cheiro de fezes de gato, tive ânsia de vômito. Não deu tempo de levantar a tampa do vaso. Vomitei, segundos depois. Preciso tomar banho. Pensei. Alguns passos até o chuveiro foram o suficiente para um pequeno espelho refletir meu rosto. Tinha as bochechas rosadas, meu cabelo estava grudado, e da minha narina escorria uma gota de sangue. Estou sangrando. Abri o chuveiro e me joguei debaixo d’água. Lavei o cabelo, ensaboei o corpo, enxaguei-me e retornei à sala atrás das minhas roupas. Nisso, o asco me possuiu. O gato lambia o sêmen derramado no chão do apartamento. Lambia e miava. Oh, meu Deus! O que eu fiz? Preciso sair daqui! Vesti a calça e a camiseta, e tomei os sapatos na mão rapidamente, enquanto me dirigia à porta. Fechei-a com força e saí do prédio. No silêncio do táxi, uma lágrima fina escorreu em meu rosto e me fez pensar: por que deixei que eles fizessem aquilo comigo? A dor visitou minha alma, e com ela a sensação de humilhação. O que você fez, Gaius? Pensei.

      Os dias que se seguiram àquele foram de reflexão. As sensações dentro de mim eram uma mescla de prazer e angústia, o que as tornavam mais intensas e vívidas. Desejava Pablo, mas o que aconteceu naquele apartamento era forte demais para mim. Nunca tinha vivenciado situação semelhante. E o que era mais esquisito é que, mesmo Pablo tendo me levado brutalmente ao seu universo sexual, eu tinha gostado. O que não sabia é se gostei de ter sido levado com ele ou somente do que encontrei lá. Estava confuso. Precisava conversar com alguém, então liguei para Richard.

      Na véspera do meu aniversário, ele foi ao apartamento do meu irmão. Já passava das 17h, quando chegou e me trouxe uma caixa de bombons Black Pearl, da Voges Hount Chocolat.

      — Amigo, não poderei vê-lo amanhã. Preciso fazer uma viagem. Parabéns! — disse-me ele, abraçando-me.

      — Acho que vamos jantar em algum lugar. Só nós mesmos. Não quero vexame dessa vez — respondi, em tom de brincadeira.

      Levei Richard ao meu quarto, dizendo que precisava conversar a sós com ele.

      — Então, tem visto Pablo? — perguntei.

      — Nunca mais o vi. Ele enviou-me mensagem esses dias, convidando-me para sair, mas não aceitei — respondeu ele, jogando-se na minha cama.

      — Por quê?

      — Acho-o tão esquisito. Gaius, você acredita que ele me contou uma vez que fez sexo com um casal heterossexual?

      — Mesmo? Ele é muito bonito. Você não tem ciúmes dele?

      — Nós não namoramos, amigo. Só ficamos duas vezes. Ele é muito gostoso, mas acho que não vai rolar nada mais que isso. O que gosto dele é que está sempre disponível quando chamo, e é muito bom de cama. Acho que Deus estava inspirado quando o fez. Mas tem algumas coisas que não tolero. É pobre e tem um aspecto sujo. Você não observou? Um dia, ele me convidou para ir ao apartamento dele. Quando disse que era no Brooklyn, dei uma desculpa e não fui.

      Nossas risadas me fizeram relaxar.

      — Richard, pensei que vocês estivessem namorando — comentei.

      — Não! Desde o ano passado, quando o trouxe à sua festa surpresa, ele sempre pergunta por você. Acho que tem interesse — revelou, olhando-me para ver qual seria minha reação.

      Graças a Deus que ele não está namorando Pablo. Aliviei-me. Sentei na cama, de frente para Richard, segurei suas mãos e disse:

      — Amigo, preciso contar uma coisa. Na noite em que fomos ao Chinatown, depois que nos despedimos, ele mandou mensagem, e fui ao apartamento dele...

      Depois que contei a Richard tudo que tinha acontecido, ele limpou minhas lágrimas, suavemente, e me abraçou.

      — Sinto muito que tenha passado por isso — disse, balançando a cabeça em desaprovação.

      — Não sabia que ia ser assim. Achei que iríamos ficar só nós dois. Mas tudo foi tão rápido, intenso e brutal... Quando percebi, já tinha acontecido. Estou confuso porque gostei do que aconteceu, mas me sinto angustiado. Não sei se você consegue entender o que digo.

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