Meu Irmão E Eu. Paulo Nunes

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Meu Irmão E Eu - Paulo Nunes

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dúvida, Gaius?

      — Não, Senhor Walker. Onde assino?

      — Aqui, por favor — respondeu ele, apontando o dedo para quais folhas deveria assinar.

      Quando terminei de assinar as várias folhas de vários documentos, levantei meus olhos e encontrei os de papai. Estávamos próximos, separados apenas pela mesa de mármore envelhecido do apartamento de Marcus. Ele tinha o olhar duro, e encarou-me grosseiramente até encostar a bengala na cadeira e começar a assinar as mesmas folhas que assinei. Levantou-se e foi onde Marcus e Núbia estavam, beijou-os, fez um afago na cabeça de Arthur, e caminhou à porta sem dizer nenhuma palavra. O advogado apertou minha mão e me entregou seu cartão, para o caso de eu ter alguma dúvida. Quando vi papai saindo, levantei-me, fui para perto do meu irmão e disse:

      — Papai. Hoje é meu aniversário. O Senhor não vai me dar um beijo? — perguntei, tremendo a voz.

      — Tudo que está na minha casa que for seu, chegará em breve aqui. Mande buscar seu carro também. Vamos, Alexander — respondeu ele, de costas, sem me olhar.

      E saíram, batendo a porta. Não aguentei e solucei. Corri ao meu quarto e me joguei na cama, chorando.

      Meus olhos sonolentos perceberam que o crepúsculo anunciava que a noite chegava. Daqui a pouco tenho que levantar para me arrumar, mas agora não. Pensei, e voltei a dormir. Um agradável odor amadeirado chegou às minhas narinas e, logo, senti uma mão suave tentando retirar os cabelos que cobriam minha testa. Virei-me e abri os olhos. Era Aidan. Estava agachado ao lado da minha cama. Meus olhos abertos encontraram seu sorriso. Ele acarinhava meu rosto, quando eu disse:

      — Oi!

      — Oi, menino! Desculpe se o acordei. Só queria beijar você antes de ir embora.

      — Você estava aqui? — perguntei, segurando sua mão e pressionando-a contra meu peito.

      — Estava. Vim conversar com Marcus e Núbia, e entregar seu presente. Eles disseram que você dormiu a tarde inteira. Não quis acordá-lo. Só vim deixar isso, mas não aguentei e fiquei aqui observando você dormir.

      Ele me entregou um embrulho coberto por um saco grosso marfim, enlaçado por um cetim verde esmeralda.

      — Espero que goste — disse, timidamente.

      Era um livro: Helena de Tróia.

      E continuou:

      — Este livro conta a história de uma mulher que causou uma guerra entre dois povos por causa de sua beleza e do seu amor.

      — E por que acha que vou gostar de lê-lo? — perguntei, curioso.

      — Porque essa história é parecida com a sua. Talvez, ainda não tenha percebido, mas sua beleza e tudo que você é está causando uma guerra dentro de mim há muito tempo. Um dia vou explicar melhor. Feliz aniversário, menino! — e me beijou os cabelos.

      Ele ainda me olhava, quando se levantou, e depois deu as costas para mim.

      — Aidan! — chamei-o, com a voz baixa.

      Ele virou-se, e eu continuei:

      — Nós vamos ao Barbetta daqui a pouco. Deveria ir conosco.

      Os olhos dele se apertaram e um sorriso largo mostrava os dentes, quando me disse que iria tomar um drink com Marcus e me esperaria na sala. Seu rosto estava resplandecente, quando saiu e fechou a porta do meu quarto. Animei-me. Preciso me arrumar. Pensei.

      Já passava das 20h20 quando cheguei na sala. Encontrei Núbia dando recomendações à babá, que cuidaria de Arthur durante o jantar. Vi Marcus e Aidan conversando no sofá, enquanto bebiam uísque. Apareci e atraí os olhares para mim. Eu vestia uma calça Louis Vuitton preta, aveludada, e uma camisa Gucci manga longa branca. Tinha nos pés um exclusivo Aubercy com diamantes na parte frontal, e um terno Versace 100% lã tailor, amarelo brilhante, com apenas um botão que cobria meus ombros e tórax. No rosto, apenas um pouco de pó e uma pincelada de um delineador preto nos olhos. O perfume deixei por conta da Chanel. Adoro jasmim, meu Deus! Fui vestido para matar mesmo, afinal, além de eu estar fazendo aniversário, era o novo bilionário dos Estados Unidos. E precisava comemorar isso.

      — Boa noite! — exclamei, pondo as duas mãos na cintura e abrindo um sorriso, esperando que eles admirassem minha beleza.

      Marcus e Aidan levantaram-se e foram ao meu encontro.

      — Está lindo, maninho — disse meu irmão, beijando meu rosto.

      — Não tenho nem o que dizer diante de tanta beleza — comentou Aidan, beijando-me o outro lado do rosto, com os olhos faiscando de felicidade.

      — Gaius, você está lindo! Vestiu-se para matar! — comentou Núbia, empolgadamente.

      Chegando ao Barbetta, o maître recepcionou-nos e nos encaminhou à mesa. Era um domingo à noite, e o restaurante italiano estava abarrotado de pessoas. Estávamos nós, Marcus e Núbia de um lado da mesa, Aidan e eu do outro, quando o garçom anotou as bebidas.

      — Aidan, acompanha-me no uísque? — perguntou meu irmão.

      — Claro — respondeu ele.

      — Então, vamos querer uma garrafa de Dalmore 50 anos — falou ao garçom.

      E continuou, dirigindo-se à Núbia:

      — Meu amor, você está dirigindo, mas quer beber alguma coisa?

      — Quero um refrigerante Chinotto.

      — E você, maninho? — perguntou a mim.

      — Um Cosmopolitan, por favor — respondi, olhando para o garçom.

      Instantes depois, estávamos conversando amenidades, enquanto decidíamos o que pediríamos para jantar. Era visível a felicidade de Aidan em estar conosco. Ele bebia o uísque empolgadamente, enquanto falava de viagens com Marcus. Aproveitei para ter uma conversa menos formal com Núbia. Dizia-me ela que achava que Aidan e eu formávamos um lindo casal e, também, que o via como um homem muito bonito e atraente, principalmente por ele ser muito alto. E é! Pensei. Ela me dava conselhos para eu aproveitar que ele era apaixonado por mim e casar logo. Eu a escutava, animadamente, quando a interrompi falando que algumas coisas ainda estavam confusas dentro de mim, e que precisava de tempo para discernir bem. Aproximei-me mais dela e comentei baixinho que tinha ficado com um homem e que havia gostado bastante. E, ainda, que achava estar sentindo algo, pois me percebia lembrando dele às vezes. Ela piscou os olhos de curiosidade e quis saber quem era. Quando contei que era Pablo, ela arfou.

      — Gaius, vem mais para cá para eles não escutarem nada — sugeriu baixinho.

      Depois, continuou:

      — É aquele cara que estava na noite de Natal conosco em Monte Carlo?

      — Ele mesmo — respondi.

      — Meu Deus, Gaius! Você tem uma sorte para homens bonitos. Quem me dera essas coisas acontecessem comigo!

      Como assim? E

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