Mundos aparte - De ama a esposa. Maggie Cox

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Mundos aparte - De ama a esposa - Maggie Cox Ómnibus Geral

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Eu… Naquele momento, era-me difícil pensar bem – disse Briana. – Os preparativos do casamento tinham começado e cada dia tinha mais medo de estar a cometer um erro terrível… E para piorar tudo, houve o incidente com a tua ex-namorada.

      – E não podias falar comigo sobre essas coisas? Não era um desconhecido, que não se importava. Supostamente, era o homem que amavas!

      – Eras! Quer dizer, tu…

      – Receio que as tuas explicações cheguem demasiado tarde, querida – estudou-a com o olhar. – Nada do que possas dizer-me agora fará com que recuperes a minha confiança e o meu respeito. O que fizeste esmagou todos os sentimentos que alguma vez tive por ti, transformando-os em pó e cinzas.

      Pascual atravessou o quarto, tentando limpar a cabeça. A chuva batia com força nos vidros antiquados, como o eco da pressão que crescia no seu interior. Pensamentos, lamentações e sensações dolorosas assolavam a sua mente e o seu coração, ao ponto de mal conseguir suportá-lo. Mas entre todo esse tumulto, uma coisa dominava tudo o resto: Tinha um filho.

      Ao recordar a paixão que o seu amigo Fidel sentira pelo seu único filho, dominou-o a determinação de resolver as coisas, pelo menos nesse sentido. Não estivera presente durante os primeiros quatro anos de vida do filho, mas estaria presente a partir daquele momento!

      Virando-se para a figura solitária e esbelta que continuava parada no meio do quarto, rejeitou qualquer fugaz sentimento de piedade ou empatia. O que Briana dissera era verdade: As explicações tinham chegado demasiado tarde. O que acontecesse agora, seria causado por ela.

      – Não quero continuar a falar do assunto esta noite. Preciso de tempo para pensar. Para mim, foi um grande choque descobrir que tenho um filho. E também o facto de saber que a sua mãe fria e egoísta decidiu que eu não tinha o direito de saber da sua existência. Falaremos novamente amanhã, depois do jogo de pólo. Tomarei então decisões importantes.

      – As decisões sobre o futuro não dependem só de ti, Pascual!

      – Se eu fosse a ti, Briana – disse, lançando-lhe um olhar furioso, – não me arriscaria a dizer nada sobre o assunto esta noite. Já fizeste as coisas à tua maneira durante demasiado tempo. Não permitirei que essa situação se prolongue e mais vale acreditares nisso!

      Consciente de que, se continuasse no quarto com ela mais um segundo, se entregaria a uma explosão de raiva incontrolável, Pascual dirigiu-se para a porta. Saiu para o corredor escuro e não olhou para trás.

      – Tiveste uma má noite?

      O tom sempre risonho de Tina quase fez com que Briana desse um salto. Tinham-se encontrado para tomar o pequeno-almoço na cozinha, na manhã seguinte. Com os nervos em franja, serviu-se de uma chávena de café e lançou um olhar irónico à colega.

      – Pode dizer-se que sim.

      Levou a chávena para a robusta mesa de carvalho, afastou uma cadeira e sentou-se. Com ar ausente, acrescentou leite e açúcar à bebida. As suas olheiras revelavam que não dormira durante toda a noite. Que mulher teria conseguido dormir depois de Pascual a acordar, irritado, a meio da noite? Não conseguia parar de se perguntar, com ansiedade, que decisões importantes a respeito de Adán e dela é que Pascual tomaria.

      Na noite anterior, estivera mais do que furioso e, em grande medida, ela aceitava merecer a sua condenação. Nunca devia ter-lhe escondido a existência de Adán, por muito que a assustasse que a sua vida futura se transformasse numa réplica da sua infância. A grande tragédia era que amara esse homem com toda a sua alma e, ao vê-lo novamente, compreendera que o seu amor por ele continuava vivo. Estivera adormecido, à espera de voltar a acordar.

      Em alguns momentos, durante o confronto desagradável da noite anterior, Briana desejara aproximar-se de Pascual, suplicar-lhe perdão e perguntar-lhe o que podia fazer para o compensar. Mas não o fizera por medo do que ele pudesse exigir. Angustiava-a a ideia de ele pensar seriamente em tirar-lhe a custódia do filho e esse sentimento oprimia-a. Dada a sua riqueza e o poder da sua família, Pascual contava com os meios necessários para lhe tirar Adán. Briana não conseguiria evitá-lo de maneira nenhuma. Comparada com essa ideia inquietante, a ameaça de um julgamento por dívidas da sua empresa carecia de toda a importância.

      Sem saber o que fazer, olhou para a chávena de café, observando as espirais de vapor que se elevavam da porcelana delicada. Sentia-se como se estivesse num túnel escuro, sem possibilidade de encontrar a luz no fim. Se o seu pai tivesse tido a capacidade de ser fiel à mãe, se tivesse posto o bem-estar da esposa e da filha acima do snobismo da classe e do dinheiro com que crescera, talvez Briana não tivesse acabado perdida na situação penosa que estava a viver com Pascual.

      – O que se passa contigo, Bri? – Tina sentou-se à frente dela. O seu bonito rosto expressava preocupação genuína.

      Briana, consciente do que a sua jovem amiga, involuntariamente, revelara a Pascual na noite anterior, sentia-se muito renitente a falar de assuntos pessoais. Tinha a certeza de que Tina não quisera fazer nenhum mal, mas mesmo assim não devia ter falado dela tão alegremente.

      – Estou bem. Passei uma má noite, foi só isso.

      – O nosso impressionante senhor Domínguez esteve a fazer-me perguntas sobre ti ontem à noite. Na verdade, cada vez que tentava mudar de assunto, dava-me a volta para falar de ti! Penso que gosta mesmo de ti, Bri.

      – Tanto faz se gosta ou não. Estou aqui para fazer o meu trabalho, mais nada. E, no futuro, agradecer-te-ia se não falasses livremente das minhas circunstâncias pessoais. Sobretudo, com pessoas para as quais estou a trabalhar.

      Tina, sinceramente surpreendida com a explosão de mau humor da sua chefe, nada habitual, encolheu os ombros com ar compungido.

      – Lamento muito. Mas é um homem tão encantador… Antes de dar por isso, tinha-me sacado coisas que, normalmente, não contaria. Refiro aos problemas financeiros da empresa e à tua condição de mãe solteira…

      – Aceito o teu pedido de desculpas. Mas, acredita em mim, se queres triunfar nesta empresa e na tua vida, terás de aprender a ser muito mais discreta! Vou acabar o café e depois começaremos a trabalhar. Se o senhor Domínguez te fizer mais perguntas sobre mim, diz-lhe para falar comigo, está bem?

      Passara toda a noite a dar voltas à cabeça, pensando no que fazer. Finalmente, precisando de um pouco de ar fresco, saiu da casa que continuava silenciosa e, com as mãos nos bolsos, seguiu um dos caminhos serpenteantes. Começava a amanhecer e a névoa prateada cobria as árvores e sebes como um manto diáfano. O ar era tão frio que Pascual tremeu. Admitiu que o campo inglês, no Outono, era um presente para a vista. Os seus pés esmagavam as folhas douradas e húmidas contra o cascalho. Era o primeiro prazer verdadeiro que experimentava desde a sua chegada.

      Na sua casa, em Buenos Aires, a temperatura seria de vinte e dois graus, e o dia seria ensolarado e quente. Contudo, naquele momento, não sentia nenhuma saudade do seu país natal. Compreendeu que ao saber que estava no mesmo país em que o seu filho estava, era suficiente para se sentir bem. Pensou no aspecto teria a criança. Se se parecia fisicamente com ele e se tinham outros traços em comum. Pigarreou com impaciência, para soltar o nó que tinha na garganta.

      «Como foi capaz de me fazer isto?». Não entendia porque é que Briana lhe escondera a existência do filho, de propósito. Mesmo que a tivesse traído com Claudia, coisa que não fizera, não merecia que o tratasse assim. O facto de

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