Mundos aparte - De ama a esposa. Maggie Cox
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– Passei muito tempo angustiada a pensar em como te contar. Quando descobri que eras o convidado VIP do fim-de-semana foi um grande golpe para mim. Não é que quisesse evitar que falássemos sobre o que aconteceu no passado, mas precisava de me habituar à ideia da tua presença aqui.
– Já tiveste tempo suficiente para te habituares e deves-me uma explicação… Para o dizer de alguma forma!
– Porque não te sentas? – dirigiu-se, com graciosidade, até à banqueta estofada em cor-de-rosa e creme, sobre a qual deixara o robe. Agarrou a peça de roupa azul e vestiu-a, deixando a banqueta vazia.
Pascual, sem saber como conter a sua impaciência e frustração face ao que percebia como meras tácticas de atraso, abanou os braços com raiva.
– Não me digas o que fazer! – praguejou violentamente e captou uma faísca de receio nas pupilas cinzentas. Mas recusou-se a preocupar-se com o facto de estar a intimidá-la. – Só quero uma explicação sincera das tuas acções. Depois…
– Depois… O quê?
– Meu Deus! Pára de perder tempo e explica-me tudo!
– Está bem. Quis dizer-te depois de que te declarares… Não é fácil suavizar a verdade, mas já então tinha começado a compreender que estava a enganar-me ao pensar que o nosso casamento poderia funcionar.
A sensação de rejeição e dor que o embargara desde que Briana se fora embora, transformou-se numa banda de aço que se curvou à volta do seu peito e começou a oprimi-lo com tanta força como uma cobra.
– Basta considerar os nossos antecedentes – continuou ela, sem esconder a sua apreensão. – Tu nasceste entre riquezas e privilégios, com todas as expectativas que isso traz, enquanto a minha origem era… Vulgar? Nunca teria encaixado no estilo de vida de elite a que estavas habituado, Pascual! A tua família fez-me ver isso muito cedo. Viam-me como uma vagabunda. Alguém carente de propósito e rumo, porque tinha deixado a minha rotina habitual para viajar e não me importava de desempenhar trabalhos pouco prestigiosos para ganhar dinheiro.
– Porque envolves a minha família nisto? Só estás a usá-los como desculpa. Está claro que os teus sentimentos por mim não eram equiparáveis ao que sentia por ti e foste demasiado cobarde para te justificares e dizê-lo!
– Não! Não foi assim.
– Então, porque não me disseste que estavas grávida? Como pudeste ir-te embora sabendo que tinhas o meu filho dentro de ti? Que tipo de homem consideras que sou, para pensares que não me interessaria por essa notícia? Não pensaste que eu gostaria de conhecer o meu próprio filho e participar na sua educação? Ou perdeste a cabeça temporariamente ou és ainda mais desumana do que eu pensava!
O belo rosto que tinha à frente dele enrugou-se um pouco, mas Briana não demorou a recuperar e a olhá-lo novamente. Enquanto a estudava, o seu coração acelerou como um cavalo na recta final, galopando para a linha da meta. Anos de angústia e tristeza devido ao seu abandono acabavam de chegar ao clímax e não estava disposto a controlar as suas emoções. Especialmente, depois de descobrir que Briana tivera um filho dele e lho escondera.
– Não sabia que estava grávida quando me fui embora – Briana levou a mão ao peito. – Descobri-o algumas semanas depois de chegar a casa. Pascual…
A dor intensa que Pascual viu nos seus olhos cinzentos, juntamente com o leve tremor da sua voz, conseguiu atravessar a couraça que erguera à volta do seu coração. Sentiu uma pontada de dor.
– Vou contar-te a verdade. Sabia, por experiência própria, o que era ter pais oriundos de mundos diferentes. Isso fez da minha infância uma batalha esquizofrénica e também dolorosa. A minha mãe era de uma família operária, mas o meu pai foi educado numa escola privada e estava a preparar-se para ser advogado quando se conheceram. Ao contrário de nós – ela corou intensamente, – eles casaram-se. Mas a forte atracção que sentiam um pelo outro não conseguiu superar o abismo social e cultural que os separava e a relação não demorou a ressentir-se. Discutiam muito e a minha mãe diz que o meu pai começou a sentir a falta do seu mundo e a gozar com as origens dela e a sua falta de educação. Contudo, apesar da sua crueldade, ela continuava a amá-lo. Então, ele piorou as coisas tendo uma aventura… A primeira de muitas.
Briana afastou o cabelo despenteado da face avermelhada e o seu olhar perdeu-se no horizonte, obviamente a reviver o que se passara.
– Eu tinha cinco anos quando se separaram. Cresci a passar dois fins-de-semana por mês com o meu pai, na mansão ancestral da sua família, em Dorset, e o resto do tempo com a minha mãe, numa casa minúscula em Camberwell. Quando estava com o meu pai, ele encarregava a sua governanta de se ocupar de mim. Costumava chamar-me o seu «erro lamentável». Depois do divórcio, não demorou a voltar a casar-se com uma mulher da sua classe social. Nenhum membro da sua família me queria, nem me fazia sentir bem-vinda, e passava cada segundo a desejar voltar para a minha mãe! Não mantive o contacto com eles, no caso de quereres saber.
Deixou escapar um suspiro profundo.
– Quando te conheci, Pascual, realmente queria acreditar que a nossa diferença de classe social não sabotaria o nosso futuro em comum. No entanto, depois, comecei a ter dúvidas terríveis, que não conseguia desprezar. Os jantares e os jogos de pólo a que me levavas com os teus amigos ricos, o desdém que via nos olhos da tua família, porque não me consideravam à tua altura… No final, isso venceu. Tinha visto o que tinha acontecido com os meus pais e soube que me enganava ao pensar que a nossa relação podia funcionar. Quando te vi com a tua ex-namorada, nessa noite, de repente, entendi o inferno por que a minha mãe devia ter passado quando o homem que amava teve uma aventura. Isso convenceu-me de que nunca poderia estar com alguém que tinha a capacidade de me ser infiel, porque me devastaria.
– Meu Deus! Já te disse o que aconteceu realmente! – interveio Pascual, com frustração. – Ela bebera demasiado e só queria criar problemas. Estava ciumenta porque queria casar-me contigo e não com ela. Achava que te tinha demonstrado de mil e uma maneiras que te amava a sério e não desejava nenhuma outra. E mesmo assim, julgaste-me e declaraste-me culpado por esse estúpido incidente. Nem sequer me deste a oportunidade de me defender antes de te ires embora!
– Vi o que vi e fiquei devastada. Dado o meu passado, é compreensível, não achas? Simplesmente, não podia arriscar-me a, uma vez casados, deixar que te aborrecesses de mim e começasses a ter aventuras. Não queria que o que tínhamos se transformasse em algo feio e doloroso. Também não queria transformar-me no «erro lamentável» de outra pessoa! Quanto a Adán… Quando descobri que estava grávida, passei muito tempo a decidir o que fazer. Era óbvio que tinha de tomar decisões a respeito do seu futuro. Pensei que significaria, para efeitos práticos, que teria de viajar para a Argentina para te ver todos os meses. Teria sido uma situação impossível. O maior desejo de um progenitor é que o seu filho cresça a sentir-se querido e a salvo. Cheguei à conclusão de que só poderia dar-lhe isso se ficasse comigo. Sei que, pensando friamente, parece desprezível que tenha tomado essa decisão sem te envolver. Mas, depois de te ter abandonado, não tive outro remédio senão tomá-la.
– Não deixas de te referir à criança como se fosse só tua, mas eu também participei na sua concepção, não foi? – Pascual tinha um nó na garganta e custava-lhe falar. – Porque não me contaste, na altura, como a tua experiência passada te afectava? Nunca devias ter ido embora sem falar comigo. Receber um bilhete no dia após a festa de celebração do nosso noivado e ler que te tinhas ido embora, foi mais do que terrível. Achei que estava a ter um pesadelo!
Pascual