Amor italiano - Mistérios do deserto. Jennie Adams
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– A prevaricação é uma perda de tempo, Arabella. O acordo favorece-te. Maria tem problemas financeiros porque tu exerceste pressão para conseguires desenhar os teus vestidos. Conhecendo os seus problemas económicos ou não, as tuas exigências eram inaceitáveis e espero que o remedeies. Estes são os factos. Agora, vou dar-te duas opções para reparares o mal que fizeste.
A expressão de Luc endureceu enquanto olhava para Bella.
– A primeira opção é que pagues cada cêntimo do que ela te emprestou e que, depois, partas.
– Isto não é só uma questão de dinheiro, Luchino. Maria acedeu a lançar a minha marca, o meu nome. Se pedisse um empréstimo para pagar o que ela me deu, não conseguiria estabelecer-me noutro lugar. Já não tenho dinheiro. Investi-o em tecidos e ideias para novos vestidos.
– Suponho que isso nos leva à segunda opção – disse ele, dando um passo em frente.
– Oh? E qual é? – perguntou Bella, tentando não pensar no quão perto estavam um do outro, tentando não se sentir intimidada, nem confusa.
– É bastante simples, Arabella. Tens de te certificar de que cada vestido que a minha tia te comprou se venda depressa e a um bom preço.
– Claro! Farei com que isso aconteça – disse, pensando que procuraria uma fada madrinha nas Páginas Amarelas para que agitasse a sua varinha mágica por ela. – A rapidez não é o principal ingrediente no meu plano de trabalho. Maria sabia disso. Foi por isso que acordámos um prazo de cinco anos.
– Esses cinco anos já não são válidos. Deves sair e atrair clientes das altas esferas para venderes até ao último desses vestidos… e depressa!
– Lamento decepcionar-te, Luchino, mas não tenho acesso a esse tipo de gente.
– Estando ao meu lado, abrir-te-ão essas portas – disse ele, esboçando um sorriso malvado. – Passear-te-ás entre eles até que as finanças de Maria se equilibrem. Colar-me-ei a ti para que o consigas.
– Não. Nem sequer sei se estás a dizer a verdade.
Bella irritou-se. Todo o aborrecimento que guardara na sua alma explodiu.
– Afinal de contas, esconder a verdade é o que costumas fazer, não é, Luchino? Fingiste não ter esposa. Diz-me, doeu-te perdê-la? Ou, simplesmente, alegraste-te por te livrares dela, para assim continuares com os teus romances, sem que te pesasse a consciência?
Capítulo 2
– Surpreende-me que saibas do meu divórcio – disse Luc, sem conseguir desviar a vista de Arabella.
Enfureceu-o o renascer da antiga atracção por ela. Bella era tão má como Natalie, decidida a conseguir o que queria, fosse como fosse, e ele não ia deixar-se enganar pela segunda vez. Mas não entendia aquele interesse repentino que despertara nele por Arabella.
Acariciou novamente a fotografia da sua filha que trazia ao peito e a culpa apoderou-se dele.
– Há cinco anos, fui a Itália para uma passagem de modelos – disse Bella, desejando que fosse ele quem regressasse a Itália naquele preciso momento… mas para ficar. – Alguém falou de ti. Eu não tentei obter informação, acredita em mim.
– Infelizmente, Bella mia, já não confio em ninguém e, certamente, também não confio em ti.
A capacidade de confiar nas pessoas fora, irrevogavelmente, arrebatada a Luc e não uma, mas três vezes. Por Bella, pelo seu irmão e pela sua ex-mulher.
Talvez Bella, com aquele cabelo maravilhoso loiro acinzentado e aqueles olhos castanhos, não sentisse nenhum remorso. A sua ex-mulher não sentira. E, perante as perguntas de Luc, o seu irmão também não o demonstrara.
Luc disse para si mesmo que não devia permitir que a amargura do passado interferisse na sua nova vida. Escolhera, deliberadamente, ir para a Austrália. Pela… sua filha. Por Grace. Para recomeçar num lugar onde a traição pudesse ser, se não esquecida, pelo menos afastada. Escolhera Melbourne porque queria conhecer a tia esquiva, de quem a sua família sempre falara a sussurrar.
– Tenho o carro estacionado a poucos quarteirões daqui. As provas da situação de Maria estão lá – resmungou Luc, lutando contra as lembranças de Arabella que ainda o perturbavam, mesmo sabendo que eram falsas. Dirigiu-se para a porta principal. – Vamos.
– Estou mais do que preparada para ver essas provas – Bella saiu da loja e fechou a porta, ligando o alarme. – O quanto antes acabarmos com isto, melhor.
– Concordo – concedeu ele, agarrando-a pelo braço e dirigindo-a para o seu carro. – Mas isto é só o princípio.
Quando chegaram ao carro de Luc, este abriu-o com o comando.
– Muito bem. Mostra-me os documentos.
Luc tirou a sua mala do carro.
– O restaurante Brique’s estará tranquilo. É aqui ao lado. Veremos juntos os documentos.
– Porque não os vemos aqui? E se quiser confirmar se esses documentos são verdadeiros?
– Se precisares de confirmar depois de os teres visto, podes ficar com eles. Tenho cópias – então, apontou para o carro. – Se preferires sentar-te no meio desta rua tão ocupada…
– Suponho que será melhor irmos ao Brique’s.
Quando entraram no restaurante, Luc pediu bebidas e um prato de queijo e fruta.
– Muito bem, agora estamos num ambiente civilizado – disse Bella, bebendo um gole de água.
– Eu gosto das coisas boas. Não me envergonho disso.
– Hum, talvez não seja Pont l’Eveque, mas é igualmente bom – disse, provando o queijo.
Luc abriu a sua mala, tentando desviar a sua atenção do movimento da boca de Bella, e tirou os documentos para que ela os visse.
Bella leu alguns deles, durante alguns minutos, em silêncio. Então, olhou para ele, franzindo o sobrolho.
– Disseste que o teu assessor financeiro arranjou isto?
– São verdadeiros, Arabella. A informação chegou-nos de uma empresa de investigação respeitável. Como podes ver, a compra dos teus vestidos por parte de Maria foi uma operação financeira mais do que arriscada para ela.
Indicou o papel que estava anexo ao documento.
– Se quiseres, podes telefonar à empresa agora mesmo. Confirmar-te-ão tudo o que leste.
– Não pode ser verdade! – sussurrou Bella, começando a rever os documentos. – Mas é verdade, não é? Maria excedeu-se de tal maneira que é difícil que consiga recuperar-se e levou com ela os meus vestidos e o começo da minha reputação como estilista. Deveria ter confirmado a sua situação financeira, não deveria, simplesmente,