Um Grito De Honra . Морган Райс

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Um Grito De Honra  - Морган Райс Anel Do Feiticeiro

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que devo tentar.”

      Ela abriu a porta e correu para fora, para o pôr-do-sol e piscou ao ver a paisagem diante de si: o céu estava manchado de vermelho e roxo, o segundo sol posto como uma bola verde no horizonte. Akorth e Fulton, para seu crédito, ainda estavam ali, de guarda. Eles levantaram-se e olharam para ela com preocupação em seus rostos.

      “Ele vai viver?” Akorth perguntou.

      “Eu não sei.” Disse Gwen. “Fiquem aqui montando guarda.”

      “E para onde está indo?” Fulton perguntou.

      Quando ela olhou para o céu vermelho sangue e captou uma sensação mística no ar, ela teve uma ideia: havia um homem que poderia ajudá-la.

      Argon.

      Se havia uma pessoa em quem Gwen podia confiar; uma pessoa que amava Thor e que havia permanecido leal ao seu pai; uma pessoa que tinha o poder de ajudá-la, de alguma forma, essa pessoa era ele.

      “Preciso procurar alguém especial.” Disse ela.

      Ela virou-se e correu apressada pelas planícies, traçando o seu caminho para a cabana de Argon.

      Ela não tinha estado ali há anos, desde que era uma criança, mas ela lembrava que ele vivia no alto das desoladas planícies escarpadas. Ela corria e corria mal tomando o fôlego, à medida que o terreno tornava-se mais desolado, mais ventoso e a vegetação dava lugar a seixos e logo às rochas. O vento uivava e enquanto ela prosseguia a paisagem tornou-se estranha. Gwen se sentia como se estivesse andando na superfície de uma estrela.

      Ela finalmente chegou à cabana de Argon e bateu à porta, totalmente sem fôlego. Não havia nenhum trinco que ela pudesse usar em nenhum lugar. Mas Gwen sabia que aquela era a casa dele.

      “Argon!” Ela exclamou. “Sou eu! A filha de MacGil! Deixe-me entrar! Eu lhe ordeno!”

      Ela batia e batia, mas a única resposta era o uivo do vento.

      Finalmente, ela rompeu em lágrimas, exausta, sentindo-se mais impotente do que nunca. Sentia-se vazia, como se ela não tivesse mais nenhum lugar para onde ir.

      À medida que o sol se punha mais profundamente no céu, seu vermelho-sangue dava lugar ao crepúsculo. Gwen virou-se e começou a caminhar de volta colina abaixo. Ela enxugava as lágrimas de seu rosto enquanto seguia desesperada para descobrir para onde iria agora.

      “Por favor, pai.” Disse ela em voz alta, fechando os olhos. “Dê-me um sinal. Mostre-me aonde ir. Mostre-me o que fazer. Por favor, não deixe que o seu filho morra hoje. E, por favor, não deixe que Thor morra. Se você me ama, me responda.”

      Gwen entrou em silêncio, ouvindo o vento, quando, de repente, um flash de inspiração bateu nela.

      O lago. O Lago das Lamentações.

      Claro. O lago era o lugar aonde todo mundo ia para orar por alguém que estava mortalmente doente. Era um pequeno lago de águas puras e cristalinas, no meio do Bosque Vermelho, cercado por árvores altas que se elevavam até o céu. Ele era considerado um lugar sagrado.

      Obrigado pai, por me responder. Gwen pensou.

      Ela o sentiu ali, com ela naquele momento, mais do que nunca, então começou a correr apressada em direção ao Bosque Vermelho, em direção ao lago que ouviria seus lamentos.

*

      Gwen ajoelhou-se na margem do Lago das Lamentações, seus joelhos estavam apoiados na folhagem macia dos pinheiros que rodeavam a água como um anel. Ela olhava para as águas tranquilas, eram as águas mais tranquilas que ela já tinha visto, as quais espelhavam a lua crescente. Era uma lua cheia brilhante, a maior que ela já tinha visto e enquanto o segundo sol ainda estava se pondo, a lua estava subindo, lançando ambos, a luz do sol e do luar sobre o Anel. O sol e a lua se refletiam nas águas do lago, um em frente do outro e Gwen sentiu a aura sagrada daquele momento do dia. Era a janela entre o final de um dia e o início de outro e naquele momento sagrado, naquele lugar sagrado, tudo era possível.

      Gwen se ajoelhou ali, chorando, rezando por tudo o que era mais sagrado. Os acontecimentos dos últimos dias tinham sido demais para ela e agora ela estava descarregando suas emoções. Ela rezava por seu irmão, porém, rezava mais ainda por Thor. Ela não podia suportar a ideia de perder ambos naquela noite, a ideia de não ter mais ninguém ao seu redor, além de Gareth. Ela não podia suportar a ideia de ser enviada para se casar com algum bárbaro. Ela sentia sua vida desmoronar ao seu redor e precisava de respostas. Mais do que tudo, ela precisava de esperança.

      Havia muitas pessoas em seu reino que oravam a vários deuses: ao deus dos lagos; ao deus dos bosques; ao deus das montanhas, ou ao deus do vento, mas Gwen nunca acreditou em qualquer um deles. Ela, como Thor, era uma das poucas pessoas que ia na contramão da crença comum de seu reino, e seguia o caminho radical de crer em apenas um Deus, apenas em um ser supremo que controlava todo o universo. E foi a esse Deus a quem ela orou.

      Por favor, Deus. Ela orou. Faze com que Thor retorne a mim. Permite que ele seja salvo da batalha. Permite que ele escape da emboscada. Por favor, permite que Godfrey viva. E, por favor, protege-me… Não deixe que me levem daqui, casada com um selvagem. Eu farei qualquer coisa. Apenas dá-me um sinal. Mostra-me qual é tua vontade para comigo.

      Gwen ficou ajoelhada ali por muito tempo. Não se ouvia nada além do uivo do vento soprando entre os pinheiros infinitamente altos do Bosque Vermelho. Ela ouvia o ranger suave dos ramos enquanto eles balançavam acima de sua cabeça e sua folhagem caía na água.

      “Cuidado com o que pede em suas orações.” Disse uma voz.

      Ela virou-se vacilando e ficou chocada ao ver alguém de pé, não muito longe dela. Ela teria ficado assustada, no entanto, reconheceu a voz imediatamente, era uma voz antiga, mais velha do que as árvores, mais antiga que a própria terra e seu coração alegrou-se quando ela percebeu quem era.

      Ela virou-se e o viu perto  dela, vestindo seu manto branco e capuz. Seus olhos translúcidos queimavam através dela como se ele estivesse olhando para sua própria alma. Ele segurava seu cajado, iluminado pelo pôr-do-sol e pela luz da lua.

      Argon.

      Ela levantou-se e o encarou.

      “Eu estive a sua procura.” Disse ela. “Fui a sua cabana. Você me ouviu bater?”

      “Eu ouço tudo.” Ele respondeu enigmaticamente.

      Ela fez uma pausa intrigada. Ele era inexpressivo.

      “Diga-me o que eu devo fazer.” Disse ela. “Eu farei qualquer coisa. Por favor, não deixe Thor morrer. Você não pode deixá-lo morrer!”

      Gwen se adiantou e agarrou seu pulso, implorando. Mas quando ela o tocou, foi arrasada por um calor escaldante que percorreu seu pulso e suas mãos e ela se afastou dominada pela energia.

      Argon suspirou e se virou, afastando-se dela e dando vários passos em direção ao lago. Ele ficou ali, olhando para a água, seus olhos brilhavam na luz.

      Ela caminhou para o lado dele e ficou em silêncio, por quanto tempo ela não sabia, esperando até que ele estivesse disposto a falar.

      “Não é impossível mudar o destino.” Disse ele. “Mas ele cobra um preço muito alto pelo que lhe pede. Você quer salvar uma vida. Esse é um esforço nobre. Mas você não pode salvar duas vidas. Você vai ter de escolher.”

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