Castrado. Paulo Nunes

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Castrado - Paulo Nunes

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Ele é bonito, não é? — e rapidamente analisei o estilo descolado das roupas que ele vestia.

      — O nome dele é George. Ele trabalha como garçom aqui durante o dia e é bartender em outro restaurante à noite. Venho no Baviera Bierhaus só para olhá-lo — comentou, baixando a voz como se me contasse um segredo.

      — Ele é bartender? Então, acho que você já tem uma primeira missão como minha assistente pessoal. Preciso de um stylist, um cozinheiro, um relações públicas e um bartender. Parece que não precisamos mais procurar alguém para fazer meus drinks, não é? — e dei um sorrisinho safado para ela.

      — Está brincando comigo, Gaius? Posso contratá-lo? — questionou, ansiosa e eufórica.

      — Avise-o que sou exigente com meus drinks. Pode contratá-lo, sim.

      Meu ouvido ficou com um zumbido, depois do grito de felicidade que Alyce deu. Tentando acalmá-la, compartilhando de sua alegria e rindo com ela, ordenei:

      — Garota, vá pegar o celular do bartender gostoso e vamos sair daqui, pois temos que ir conhecer seu novo apartamento — e bati repetidas vezes na mesa com a palma das mãos, repleto de alegria, rindo para ela.

      Mais uma vez, ouvi um grito fino de Alyce em meus ouvidos.

      — Pare de gritar. As pessoas estão olhando — ordenei, tentando controlar as gargalhadas que dávamos juntos.

      Não pude controlar minhas lágrimas ao ver Alyce emocionada ao entrar em seu apartamento. Depois de me abraçar e agradecer o presente, ela percorreu todos os cômodos, comentando o que faria em cada um deles e como ordenaria os móveis. Sua alegria era contagiante. Por um instante, enquanto acendi um cigarro, olhei para ela e senti inveja de toda aquela alegria e entusiasmo. Naquele momento da minha vida, acabando de retornar a Nova Iorque pela segunda vez, dentro de mim, só havia dor e saudade. Percebi uma lágrima fina escorrer em meu rosto. Disfarcei e voltei a sorrir. Nos próximos anos, depois daquele dia, Alyce foi, para mim, muito mais que uma amiga e cúmplice. Foi um anjo em minha vida. Sem ela, jamais teria conseguido fazer o que fiz. Só lamento que a promessa que fiz a ela de não derramar sangue, não pude cumprir.

      Quando saímos do apartamento dela, levei-a para o hotel, onde, à época, estava hospedado. Chegando à suíte do The Plaza, Alyce e eu fomos recepcionados por Rosa e Juanita. Mãe e filha estavam tendo aulas de inglês, com James, professor particular. Saudou-nos, também, Alexander, advogado da House’s Barrys, que montou uma equipe de profissionais especialistas em finanças e abriu uma empresa somente para cuidar do meu dinheiro desde os meus dezoito anos, depois que recebi a parte da herança da minha mãe. Arthur, meu sobrinho, dormia em minha cama. Vendo Alyce e eu juntos, Juanita logo correu ao nosso encontro e abraçou-nos, primeiro a mim e, depois, a ela, falando em espanhol conosco:

      — Que bom que chegaram! — disse ela, beijando-nos o rosto.

      — Olá, carinho! — e retribuí o beijo, envolvendo-a com meu abraço.

      — Posso confessar um segredo a vocês? — perguntou ela, quase sussurrando.

      — Claro que pode, meu amor — respondi no mesmo tom de voz.

      — Não gosto muito de James. Ele é muito chato — e torceu os lábios, cruzando os braços, enquanto reclamava das aulas de seu professor.

      — Meu amor, é importante que você aprenda inglês. Não pode ficar falando somente em espanhol aqui. Não é Alyce? Terá que ir para a escola em breve. Por favor, esforce-se. É importante para mim. Sei que ele pode parecer exigente, mas saiba que é para o seu bem. Por favor, dedique-se a aprender. Posso esperar que fará isso? — perguntei à Juanita, tentando conscientizá-la, chamando Alyce com os olhos para ela me ajudar.

      — Juanita, já conversamos sobre isso várias vezes. Eu também tive dificuldade com o inglês, mas minha tia me ajudou. Sei que vai conseguir, pois é uma menina muito inteligente — disse Alyce a ela, incentivando-a.

      Juanita abriu um leve sorriso e respondeu, olhando para mim:

      — Você prometeu me levar a Disney. Isso ainda não aconteceu.

      — Prometo a você que levarei, sim. Mas precisa aprender logo o inglês e ajudar sua mãe, pois sei que ela deve estar detestando essa ideia. Assim que aprenderem, prometo que iremos todos a Disney, até mesmo Alexander. Não é mesmo, doutor? — e beijei Juanita, apontando para a mesa onde Rosa e James estavam, deixando claro que ela deveria voltar para a aula.

      Depois, caminhei para onde Alexander estava sentado, cercado de papéis em sua mesa.

      — Espero conseguir tempo para cuidar dos seus negócios e ir à Expedition everest — comentou o advogado, tentando parecer engraçado para mim.

      Ora! Ele gosta de aventura! Bom saber, pois teremos fortes emoções pela frente. Pensei, enquanto tentava rir da sua piada sem graça, virando meu pescoço e perguntando à Alyce:

      — Quer beber alguma coisa? — e a vi acenar discretamente para Rosa, que respondeu a ela somente com um balançar de cabeça, certamente, indignada por causa das aulas de inglês.

      — Estou bem. Obrigada — respondeu Alyce.

      — Você já conhece Alexander, não? — perguntei a Alyce e fiz sinal a Rosa para que me trouxesse uma taça de vinho.

      — Sim. Vemo-nos sempre na House’s Barrys. Não sabia que também trabalhava particularmente para Gaius. Como vai, Senhor Walker? — perguntou ela.

      — Por favor, chame-me de Alexander. Eu cuido de assuntos mais particulares para ele, sim. Espero estar correspondendo às expectativas que Gaius depositou em mim — e olhou-me como se pedisse um elogio em público.

      — Estamos indo bem, Alexander. Você quadruplicou minha fortuna nestes quase sete anos que trabalha para mim. Fez um bom trabalho, mas sei que podemos conseguir um pouco mais, não é? — respondi, recebendo a taça de vinho das mãos de Rosa e provocando meu advogado a trabalhar mais para me deixar mais rico do que já era.

      Enquanto me entregava a taça, Rosa comentou com a voz baixa:

      — Arthur não queria almoçar. Ficou olhando as fotos do pai. Chorou e depois dormiu.

      Nisso, virei minha cabeça para minha cama e vi meu sobrinho dormindo de bruços. Ele era tão miúdo para a idade que tinha. Parecia tão sereno ao dormir. Cheguei a pensar que estivesse morto em minha cama. Por um instante, fixei meu olhar nele e tive compaixão.

      — Acha que devemos ir para o outro quarto, Rosa? — perguntei, baixando o volume da voz.

      — Não precisa. Ele sempre teve um sono muito leve, mas dorme melhor com pessoas por perto. Seus pesadelos são sempre nas madrugadas, quando sabe que está sozinho. Agora, basta não falar alto.

      — Vamos falar mais baixo, pois Arthur está dormindo — pedi, olhando para Alyce e Alexander.

      — O que faz aqui, Senhorita Stein? — perguntou Alexander à Alyce, enquanto Rosa voltava para a mesa onde estava estudando.

      — A partir de hoje, Alyce é minha assistente pessoal, Alexander. E trabalhará diretamente com você. Ela está ciente do que faremos — respondi antes que ela falasse e

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