Castrado. Paulo Nunes
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— Senhor Barrys, vamos sair daqui. Vou pedir para alguém levá-los para casa. Sairão pelos fundos do restaurante. Será mais seguro.
No hotel, enquanto abria a porta da minha suíte, agradeci Aidan pela companhia e desejei-lhe boa-noite. Enquanto fechava a porta, ele a pressionou com a mão e pediu:
— Espere.
Em um movimento rápido, escondeu as mãos nos bolsos da calça e fitou-me com aqueles olhos agitados. Era impossível não perceber o movimento que fazia com o pé direito, batendo o sapato apressadamente no chão, com certeza, com a ponta dos dedos. Apoiava-se em uma perna, depois na outra, mexendo seu quadril e tórax para a esquerda e direita, em um movimento quase imperceptível a quem não observasse. Sua boca ensaiava dizer algo, mas o silêncio permanecia entre nós. Vendo-o angustiado e desorientado, compadeci-me dele e comentei, enquanto encostava meu rosto na lateral da porta:
— Você esteve ótimo hoje à noite. Diverti-me muito — e pisquei os olhos, fazendo charme para ele.
Funcionou. Em uma fração de segundos, vi seu semblante relaxar, e ele aquietar seu corpo. Seus olhos intercalavam entre minha pupila e lábios. Era evidente que ele queria me beijar. Depois de engolir em seco, falou:
— Não vai me convidar para entrar? — e inspirou fundo, como se tivesse precisado de muita coragem para ter perguntado.
— Aidan, acho melhor irmos devagar. Sabe de tudo que passei. Não quero apressar as coisas. Por que não saímos na próxima semana e almoçamos?
— Na próxima semana? — perguntou ele, franzindo a testa, quase elevando o tom de voz, considerando a distância entre um encontro e outro como uma eternidade.
— Se estiver ocupado, podemos nos ver em duas semanas — respondi, fazendo-me de desentendido.
— Quero almoçar com você amanhã, Gaius! — comentou, em tom de súplica.
Sabia que diria isso. Ele está mais ansioso que nunca. Isso é ótimo. Pensei. Arqueei as sobrancelhas e abri a boca, dando a entender que estava surpreso com o que ouvi.
— Aidan, tenho algumas coisas já marcadas. Estou organizando minha vida... Não tenho nem local certo para morar.
— Posso ajudá-lo com tudo isso. Contrato pessoas para fazer o que precisar. Por favor, deixe-me ajudá-lo — e moveu levemente a cabeça para a esquerda, depois de franzir a testa, como um cão que abana seu rabo ao pedir comida a seu dono.
Sorri para ele, dei alguns passos em sua direção e levei minha mão esquerda em seu rosto, acarinhando-o suavemente. Nisso, beijei o outro lado de sua face demoradamente, bem próximo à boca, e deslizei minha mão direita em sua cintura ao mesmo tempo. Aidan pressionou sua mão direita sobre a minha esquerda, enquanto se deliciava com aquele beijo casto e solene. Afastando-me dele, comentei baixinho:
— Prometo que vou marcar um encontro nos próximos dias — e fui dando as costas para ele, que segurava minha mão na tentativa de prolongar aquele momento.
— Por favor, almoce comigo amanhã — e apertou a ponta dos meus dedos, enquanto eu caminhava para dentro da suíte.
— Boa noite, Aidan! — respondi, soltando a mão dele.
— Por favor, deixe-me entrar — e respirou fundo.
— Boa noite, Aidan! — respondi novamente, fechando a porta devagar, mirando bem em seus olhos brilhantes, que não escondiam o seu tesão.
Preciso de um banho. Pensei, tentando acalmar meu corpo, que, naquele momento, tinha resistido a um dos homens mais belos que meus olhos já viram. Livrei-me das roupas leves que escolhi para jantar com Aidan e, em segundos, estava nu, caminhando para o banheiro. Abri o chuveiro e deixei que a água esfriasse meu corpo cheio de desejo. Não resisti e masturbei-me, esporrando abundantemente. Durante a madrugada, acordei várias vezes com a boca seca e uma inquietação que insistia em não passar. Meu sono era leve, e minha mente não pensava em outra coisa a não ser sexo. Aquilo perturbava meus pensamentos. Depois de vários cigarros, algumas taças de vinho e de trocar de posição na cama várias vezes, duelando com os lençóis e travesseiros, consegui adormecer novamente.
As imagens não eram nítidas. Recobrava a consciência devagar e sentia-me zonzo, quando inclinei meu corpo na cama para ver o que estava acontecendo. Depois de coçar os olhos, vi Rosa e Aidan entrando na minha suíte. Rosa dizia a ele para não entrar, pois eu estava dormindo e não gostava que me acordassem, enquanto Aidan a ignorava e caminhava em direção à minha cama, carregando em sua mão um pequeno buquê de flores.
— Algum problema, Rosa? — perguntei, tentando entender aquele tumulto.
— Este senhor invadiu o quarto dizendo que é seu amigo. Entrou assim que abri a porta...
— Desculpe se o acordei. Estava aqui por perto e resolvi ver se precisava de alguma coisa — falou Aidan, interrompendo Rosa.
Nisso, ele apoiou um joelho sobre meu colchão, beijou meu rosto e continuou, alegremente:
— Bom dia! Trouxe para você! — e estendeu as flores cônicas do Tennessee diante de mim.
Eram lilases e lindas. Recebi e agradeci-lhe, ao mesmo tempo em que descobri meu corpo das cobertas e levantei-me da cama. Caminhei até Rosa, pedi que ela pusesse as flores em um jarro com água e, também, que nos deixassem sozinhos, pois precisava conversar com Aidan.
— Quer o seu café aqui ou vai tomar no bar? — perguntou, injuriada por não ter conseguido impedir a entrada dele em minha suíte.
— Vou tomar aqui, mas só peça para daqui a uma hora — respondi.
Ela encarou meus olhos, como se quisesse me dizer algo.
— O que foi, Rosa? — perguntei, quase sussurrando.
— Você está só de cueca — falou baixinho, meio envergonhada.
— Se for por causa dele, não se preocupe. Ele já me viu pelado — e dei um sorrisinho safado para ela.
Rosa se indignou com meu comentário, torceu os lábios e deu as costas para mim, saindo do quarto, imediatamente, com certeza, desaprovando o que ouviu. Ao olhar para minha cama, vi Aidan, que ao encontrar meus olhos, logo ficou em pé e deixou transparecer um semblante preocupado, como se