Castrado. Paulo Nunes

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Castrado - Paulo Nunes

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é tão masculino ao fumar. Pensei. Enquanto eu acendia meu cigarro, percebi seis ou sete pessoas correrem ao nosso encontro com seus celulares apontados para nós. Eram repórteres de tabloides que, grosseiramente, falavam ao mesmo tempo, fazendo-me perguntas. Não conseguia entender o que diziam e fiquei assustado com toda aquela algazarra. Aidan se aproximou para evitar que eles encostassem em mim, gritando para saírem dali. Foi inútil. Eles falavam sobre o livro, Marcus e Arthur, o sequestro, Pablo e as prisões. Em um momento, percebendo que não conseguiríamos fazê-los parar, puxei a mão de Aidan, a fim de retornarmos para dentro do restaurante. A confusão de pessoas e o nervosismo me fizeram tropeçar. Desequilibrei-me e caí sobre meu braço direito. Rapidamente, Aidan levantou-me e ajudou-me a entrar no restaurante. Os seguranças do The Palm foram ao nosso encontro e fecharam a porta, impedindo que os repórteres nos incomodassem novamente. As pessoas que estavam nas mesas viram o que aconteceu e começaram a se agitar, olhando para nós e cochichando entre si. O gerente foi até onde estávamos e ajudou-nos:

      — Senhor Barrys, vamos sair daqui. Vou pedir para alguém levá-los para casa. Sairão pelos fundos do restaurante. Será mais seguro.

      No hotel, enquanto abria a porta da minha suíte, agradeci Aidan pela companhia e desejei-lhe boa-noite. Enquanto fechava a porta, ele a pressionou com a mão e pediu:

      — Espere.

      Em um movimento rápido, escondeu as mãos nos bolsos da calça e fitou-me com aqueles olhos agitados. Era impossível não perceber o movimento que fazia com o pé direito, batendo o sapato apressadamente no chão, com certeza, com a ponta dos dedos. Apoiava-se em uma perna, depois na outra, mexendo seu quadril e tórax para a esquerda e direita, em um movimento quase imperceptível a quem não observasse. Sua boca ensaiava dizer algo, mas o silêncio permanecia entre nós. Vendo-o angustiado e desorientado, compadeci-me dele e comentei, enquanto encostava meu rosto na lateral da porta:

      — Você esteve ótimo hoje à noite. Diverti-me muito — e pisquei os olhos, fazendo charme para ele.

      Funcionou. Em uma fração de segundos, vi seu semblante relaxar, e ele aquietar seu corpo. Seus olhos intercalavam entre minha pupila e lábios. Era evidente que ele queria me beijar. Depois de engolir em seco, falou:

      — Não vai me convidar para entrar? — e inspirou fundo, como se tivesse precisado de muita coragem para ter perguntado.

      — Aidan, acho melhor irmos devagar. Sabe de tudo que passei. Não quero apressar as coisas. Por que não saímos na próxima semana e almoçamos?

      — Na próxima semana? — perguntou ele, franzindo a testa, quase elevando o tom de voz, considerando a distância entre um encontro e outro como uma eternidade.

      — Se estiver ocupado, podemos nos ver em duas semanas — respondi, fazendo-me de desentendido.

      — Quero almoçar com você amanhã, Gaius! — comentou, em tom de súplica.

      Sabia que diria isso. Ele está mais ansioso que nunca. Isso é ótimo. Pensei. Arqueei as sobrancelhas e abri a boca, dando a entender que estava surpreso com o que ouvi.

      — Aidan, tenho algumas coisas já marcadas. Estou organizando minha vida... Não tenho nem local certo para morar.

      — Posso ajudá-lo com tudo isso. Contrato pessoas para fazer o que precisar. Por favor, deixe-me ajudá-lo — e moveu levemente a cabeça para a esquerda, depois de franzir a testa, como um cão que abana seu rabo ao pedir comida a seu dono.

      Sorri para ele, dei alguns passos em sua direção e levei minha mão esquerda em seu rosto, acarinhando-o suavemente. Nisso, beijei o outro lado de sua face demoradamente, bem próximo à boca, e deslizei minha mão direita em sua cintura ao mesmo tempo. Aidan pressionou sua mão direita sobre a minha esquerda, enquanto se deliciava com aquele beijo casto e solene. Afastando-me dele, comentei baixinho:

      — Prometo que vou marcar um encontro nos próximos dias — e fui dando as costas para ele, que segurava minha mão na tentativa de prolongar aquele momento.

      — Por favor, almoce comigo amanhã — e apertou a ponta dos meus dedos, enquanto eu caminhava para dentro da suíte.

      — Boa noite, Aidan! — respondi, soltando a mão dele.

      — Por favor, deixe-me entrar — e respirou fundo.

      — Boa noite, Aidan! — respondi novamente, fechando a porta devagar, mirando bem em seus olhos brilhantes, que não escondiam o seu tesão.

      Preciso de um banho. Pensei, tentando acalmar meu corpo, que, naquele momento, tinha resistido a um dos homens mais belos que meus olhos já viram. Livrei-me das roupas leves que escolhi para jantar com Aidan e, em segundos, estava nu, caminhando para o banheiro. Abri o chuveiro e deixei que a água esfriasse meu corpo cheio de desejo. Não resisti e masturbei-me, esporrando abundantemente. Durante a madrugada, acordei várias vezes com a boca seca e uma inquietação que insistia em não passar. Meu sono era leve, e minha mente não pensava em outra coisa a não ser sexo. Aquilo perturbava meus pensamentos. Depois de vários cigarros, algumas taças de vinho e de trocar de posição na cama várias vezes, duelando com os lençóis e travesseiros, consegui adormecer novamente.

      As imagens não eram nítidas. Recobrava a consciência devagar e sentia-me zonzo, quando inclinei meu corpo na cama para ver o que estava acontecendo. Depois de coçar os olhos, vi Rosa e Aidan entrando na minha suíte. Rosa dizia a ele para não entrar, pois eu estava dormindo e não gostava que me acordassem, enquanto Aidan a ignorava e caminhava em direção à minha cama, carregando em sua mão um pequeno buquê de flores.

      — Algum problema, Rosa? — perguntei, tentando entender aquele tumulto.

      — Este senhor invadiu o quarto dizendo que é seu amigo. Entrou assim que abri a porta...

      — Desculpe se o acordei. Estava aqui por perto e resolvi ver se precisava de alguma coisa — falou Aidan, interrompendo Rosa.

      Nisso, ele apoiou um joelho sobre meu colchão, beijou meu rosto e continuou, alegremente:

      — Bom dia! Trouxe para você! — e estendeu as flores cônicas do Tennessee diante de mim.

      Eram lilases e lindas. Recebi e agradeci-lhe, ao mesmo tempo em que descobri meu corpo das cobertas e levantei-me da cama. Caminhei até Rosa, pedi que ela pusesse as flores em um jarro com água e, também, que nos deixassem sozinhos, pois precisava conversar com Aidan.

      — Quer o seu café aqui ou vai tomar no bar? — perguntou, injuriada por não ter conseguido impedir a entrada dele em minha suíte.

      — Vou tomar aqui, mas só peça para daqui a uma hora — respondi.

      Ela encarou meus olhos, como se quisesse me dizer algo.

      — O que foi, Rosa? — perguntei, quase sussurrando.

      — Você está só de cueca — falou baixinho, meio envergonhada.

      — Se for por causa dele, não se preocupe. Ele já me viu pelado — e dei um sorrisinho safado para ela.

      Rosa se indignou com meu comentário, torceu os lábios e deu as costas para mim, saindo do quarto, imediatamente, com certeza, desaprovando o que ouviu. Ao olhar para minha cama, vi Aidan, que ao encontrar meus olhos, logo ficou em pé e deixou transparecer um semblante preocupado, como se

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