Castrado. Paulo Nunes

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Castrado - Paulo Nunes

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gemidos intermináveis, que não se contentavam em ficar presos dentro de mim. Gritar me conferiu uma sensação de liberdade e transcendência. Então, fechei meus olhos, entreguei-me àquele pequeno transe sexual e passei a gritar cada vez mais alto. Não demorou, e percebi que Finn diminuiu o ritmo das estocadas. Nisso, ouvi sua respiração descompassada, acompanhada de pequenos tremores em suas coxas, que estavam coladas nas minhas. Ele soltou o ar de seus pulmões, expulsando-o de uma vez. E, logo, senti seu pênis sair de dentro de mim. Ele goza com muita educação. Pensei, e procurei o rosto de Rachel com meus olhos, ainda de quatro no sofá. Levei minha mão ao meu membro e me masturbei. Rapidamente, senti aquela coceira gostosa possuir meu corpo. Gozei e esporrei no sofá abundantemente, enquanto gritava para Rachel, mirando bem em seus olhos pretos. Soltei o ar dos pulmões e derreei meu corpo sobre meu próprio sêmen. Totalmente relaxado, tentava equilibrar minha respiração, entre um abrir e um fechar de olhos, encarando o lustre da sala da suíte, ainda me deliciando com aquele sexo. Alguns instantes em silêncio e vi Finn voltar do banheiro, que ficava no outro cômodo, tomar seu casaco e cobrir seu corpo. Ele parecia envergonhado. Olhei-o e, em seguida, para Rachel, que mantinha um semblante misterioso sobre tudo que viu. Ela deu mais um gole no vinho e, depois que repousou a taça sobre a mesa, falou:

      — Estamos indo embora — e começou a caminhar em direção a Finn, que a aguardava para saírem juntos.

      Levantei-me do sofá e, enquanto subia a cueca e a calça, comentei:

      — Rachel, deveria dormir aqui. Podemos tomar um bom café da manhã ao acordarmos — e abotoei a calça, logo depois de fechar o zíper.

      Rachel parou de andar, virou-se para mim e moveu o pescoço, tentando descobrir qual era a minha intenção com aquele pedido. Então, respondeu profissionalmente:

      — Quinhentos a mais.

      — No meu casaco tem uma bolsa. Pode pegar.

      Ela arregalou os olhos, abrindo levemente a boca, espantada com a minha ordem:

      — Não tem medo de eu roubar você? — e deu um sorrisinho provocador.

      Caminhei até ela e, em um movimento sensual, sugerindo que iria beijar seus lábios, sussurrei próximo à sua boca, intercalando minha pupila entre seus olhos e lábios:

      — Não. Você não é uma ladra. É só uma puta. E eu gosto disso — e me afastei, esperando sua reação.

      Vi aqueles lábios cobertos pelo batom vermelho escarlate formarem um sorriso para mim.

      Finn nos interrompeu, oferecendo-se:

      — Se quiser, posso ficar também...

      — Rachel, pague a ele. Finn, antes de sair, passe na recepção e avise que quero mais duas garrafas de vinho. Informe que estou bebendo os da Château Lafite Rothscild. E deixe seu número de celular com Rachel para o caso de eu querer encontrar você de novo — ordenei, ainda preso nos olhos dela, deixando claro que ele deveria ir embora.

      Ao ouvir o barulho da porta fechando, depois que Finn saiu, comentei com ela:

      — Pegue seu dinheiro e fique à vontade. Vou tomar banho — dando-lhe as costas.

      Sentia um desconforto em meu corpo. Não sabia ao certo onde nem o porquê. Virei-me para o outro lado da cama, agarrando-me aos travesseiros, não querendo acordar. Foi inútil. Abri meus olhos e, logo, lembrei-me que Rachel havia dormido na suíte. Movi meu rosto e procurei-a na cama. Onde ela está? Levantei-me, fui até a sala e vi-a deitada no sofá, dormindo com a boca aberta, ressonando profundamente. Passeei meus olhos pelo seu corpo coberto com as mesmas roupas da noite anterior e parei em seu rosto ao percebê-la se mover. Suas orelhas eram tão lindas, mesmo com aqueles brincos baratos e cafonas. Vou tomar banho. Estou com fome. Disse a mim mesmo, enquanto saía da sala. Tomei o telefone, liguei para a recepção, e pedi café para dois.

      Ainda de toalha, saindo do banho, ouvi alguém bater na porta. Cobri meu corpo com um roupão e fui receber o café. Enquanto dois garçons empurravam duas mesinhas com diversas bandejas cobertas, Rachel acordou e se sentou no sofá. Fechei a porta e perguntei a ela:

      — Por que não dormiu na cama comigo? — e fui descobrindo as bandejas para ver o que queria comer.

      — Você se mexia demais na cama. A todo instante batia em mim. Tem um sono inquieto e fala durante a noite — respondeu, coçando os olhos e bocejando.

      Eu falo durante a noite? Ninguém nunca reclamou. Pensava, enquanto me servia de café. Levei até ela e respondi:

      — Desculpe se não a deixei dormir.

      — Não tem problema. O sofá é igualmente confortável. Que horas são? — e levantou-se, dando um gole no café.

      — Não sei. Deve passar das 15h.

      Ela esbugalhou os olhos.

      — Meu Deus! Preciso ir embora. Minha filha tem compromisso à tarde com os estudos. Tenho muita coisa para fazer...

      — Calma, Rachel. Tome o seu café com calma. Sua filha sabe que está trabalhando — comentei, interrompendo-a, tentando tranquilizá-la.

      — Não podia ter dormido aqui. Estou atrasada — e, logo, soltou a xícara de café na mesa e tomou seu casaco para vestir.

      Fiquei alguns instantes observando seu nervosismo e pressa. Depois, comentei:

      — Pensei que podíamos passar o dia juntos hoje. O que acha?

      Ela parou, moveu o pescoço em desconfiança, tentando descobrir por que queria passar o dia com ela. E, em uma frase quase grosseira, questionou:

      — O que você quer comigo, garoto? Pagou-me dois mil por uma noite. No momento em que ia embora, pediu-me para ficar. E, agora, quer passar o dia inteiro comigo? A gente nem transou, cara. O que está rolando aqui? Está se apaixonando por mim, é? — e pôs as mãos na cintura, esperando minha resposta.

      — Calma. Não sei porque ficou nervosa. Foi só uma ideia. Pensei em sairmos, visitar algumas lojas, comprar algumas coisas, almoçarmos em um bom restaurante, conversarmos... Essas coisas, entende? Imaginei que pudesse gostar — e mordisquei um morango, encarando-a, esperando sua resposta.

      Seu semblante, antes de indagação e dúvida, transfigurou-se em alegria e prazer. Suas feições demonstravam isso.

      — Fazer compras? — perguntou com o tom de voz baixo e suave, sugerindo que eu continuasse falando.

      — Sim. Comprar roupas. Sabe que tenho sentido muito interesse em joias essas últimas semanas. Anéis, colares, brincos, pulseiras, tiaras... Quem sabe, não encontro algo que me agrade? Ou que fique bem em você também? — dei uma última mordiscada no morango e um gole no café, percebendo seus olhos brilharem ao me ouvir falar de roupas e joias.

      Rachel permaneceu em silêncio, pensando e me encarando. Depois de desviar seus olhos dos meus, algumas vezes, caçando palavras para aceitar, falou:

      — Quinhentos a mais. E já vou avisando que não posso dormir com você hoje à noite...

      — Rachel, não precisamos ficar falando de dinheiro a todo instante. Isso é tão chato. Por que não fazemos assim? Todas as vezes que você estiver comigo, pago-te

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